A palavra “empatia” foi a palavra de ordem de 2020 e ainda segue no topo da lista das mais faladas dos últimos tempos. Me pergunto se nós sabemos mesmo o que é isso ou se virou um termo da moda, sendo palavrado em excesso pelo momento impar que nós havíamos passado (e ainda estamos passando). E para aqueles que realmente entenderam o significado dessa palavra, fica a pergunta: será que se fossemos mais empáticos seríamos não só líderes melhores mas também incentivaríamos o desenvolvimento de mais líderes dentro das nossas empresas? Em que medida a empatia ajuda no desenvolvimento de pessoas, não só para elas serem melhores líderes mas também para incentivar o desenvolvimento de novas lideranças?
É curioso porque na mesma medida que falamos tanto de empatia, de empresas mais humanas, e em se colocar no lugar do outro, a 21° edição do Big Brother Brasil trouxe para a televisão brasileira a discussão da "cultura do cancelamento", até então presente mais no ambiente digital. Embora para os filósofos e especialistas o “cancelamento” só é válido com discursos extremistas como, por exemplo, a defesa do nazismo, as redes sociais deram voz aos “canceladores de plantão”, sentados na cadeira de juízes, muitas vezes sem informações e contexto. Um tanto contraditório com o termo “empatia” não?! O fato é que o risco de errar e ser “cancelado” leva ao medo e com isso nós caímos na busca de uma perfeição inexistente como seres humanos. Certamente, essa busca é estendida ao ambiente profissional. O quanto o “medo de errar” pode prejudicar processos criativos, gerações de ideias e a espontaneidade, fatores geradores de valor no ambiente profissional?
Segundo Napoleon Hill, autor norte americano pioneiro de auto-ajuda escreve no seu livro Mais esperto que o Diabo que o “medo é a ferramenta de um Diabo idealizado pelo homem.” O medo de errar é um dos inimigos da ação afirmativa. Nada mais é tão imobilizante quanto o medo. Presos em modelos de ação seguros vamos nos afastando naturalmente de riscos, falhas e desvios, e isso certamente é um detrator de valor no ambiente profissional. Todos nós sabemos que não há aprendizado sem erro, e esse faz parte de qualquer processo dentro de qualquer empresa. O caminho não é sair por aí simplesmente “cancelando” pessoas e atitudes, até porque isso não resolve o problema. Acredito que o caminho seja usar de empatia, entre outras características, a ponto de entender aquele problema e resolver, de forma positiva, construtiva e produtiva. Esse é o papel da liderança.
"O medo de errar é um dos inimigos da ação afirmativa. Nada mais é tão imobilizante quanto o medo. Presos em modelos de ação seguros vamos nos afastando naturalmente de riscos, falhas e desvios, e isso certamente é um detrator de valor no ambiente profissional."
Esse tipo de comportamento norteado pela empatia nos permite ser profissionais com resultados muito melhores porque geramos mais comprometimento. Estamos falando aqui de relacionamento entre pessoas, e se relacionar é uma verdadeira arte. A forma como nos relacionamos com nosso time, nossos pares e subordinados define o nosso estilo de liderança. E no fim do dia essa forma afeta diretamente no nosso resultado. A liderança tem, certamente, responsabilidade no resultado de uma Pesquisa de Satisfação, no NPS (Net Promoter Score) ou no relatório de Cliente Oculto, ambas oferecidas pelo Grupo Customer in Love. A liderança, enquanto responsabilidade e não função, tem como principais objetivos engajar pessoas, direcionar ações e garantir resultado através da sua influência.
Há quem diga que existem pessoas inaptas a serem lideres. Ao contrário, eu penso que todos nós minimamente influenciamos alguém, de alguma forma, através justamente dos nossos relacionamentos. Acredito que a capacidade de liderar pode ser aprendida se nos guiarmos pela motivação certa.
Nesse sentido, somos todos artistas, e como todos os artistas somos únicos. Cada pintor usa o pincel de uma maneira e cria obras diferentes. Alguns nem usam pincel, e criam obras maravilhosas. O grande barato é a somatória de todas as variáveis, no nosso exemplo aqui o tipo do pincel, tinta, tamanho do quadro, luz do ambiente, entre tantas outras variáveis que impactam diretamente no seu resultado final. E assim como todos grandes pintores, estamos inseridos em um contexto, e é esse contexto que motiva ou não as pessoas a exercerem funções de mais responsabilidade. Ao entendermos de fato quem é o nosso colaborador conseguimos, como os artistas, calibrar o tom, as cores, a sintonia. Isso só justifica ainda mais a importância de definir os valores da sua empresa e coloca-los em prática na rotina de trabalho através de processos e metodologias de gestão que possibilitam o processo da liderança.
"Acredito que a capacidade de liderar pode ser aprendida se nos guiarmos pela motivação certa."
Te convido a pensar em 5 questões que podem ajudar a checar como estão alguns pontos básicos que devem ser pensados e exercidos pela liderança. Se você ainda não tem resposta ou não faz alguma delas, busque começar o quanto antes. Prepare o seu time para serem líderes dentro das suas características. Sobretudo, desenvolva talentos. Seu time agradece e os resultados também!
O que é inegociável para a sua empresa? Quais são seus valores? Como eles estão inseridos na forma como você lidera a sua equipe?
Sua equipe sabe para onde a empresa está indo? Como você garante isso no dia a dia?
Sua equipe tem clareza do que é prioridade?
Existe um job description definido para cada integrante da sua equipe? Você já sentou com eles para discutir esse material?
Existe um PDI - Plano de Desenvolvimento Individual para cada integrante da sua equipe? Eles sabem os seus desafios pessoais para alcançar um próximo passo dentro da sua empresa?
Nathalia Vaz
Consultora de Marketing e Gestão Estratégica, com mais de 13 anos em grandes multinacionais e startups do mercado de bens de consumo.
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